"O nome de Crasto, que vulgarmente lhe é dado, vem, como se sabe, do latim 'castrum', que, por metátese, resultou 'Crasto'; significava naquela língua dos Romanos 'castelo' ou 'praça fortificada'; mas depois tal nome generalizou-se e tomou o significado de 'lugar vistoso', próprio para acampamentos ou fortificações. É o caso do nosso monte. (...)

Na verdade, o nosso monte nunca teria tido qualquer fortificação levantada pela mão dos homens; e se a teve, ela deve ter sido destruída já desde remotos tempos, pois que vestígios alguns existem que nos atestem tal edificação; e é de supor que a própria configuração do terreno bastasse à defesa ou ataque, em caso de guerra, pois o seu cume é um verdadeiro entrincheiramento. Sabe-se que ele foi aproveitado pelos Romanos, porque as moedas [três moedas de prata, uma delas grega, e cento e setenta e três médios bronzes e pequenos bronzes] e outros objectos de olaria lá encontrados dão-nos sobejas provas dessa verdade histórica. No entanto, a documentação escrita, relativa a este monte, apenas nos aparece no século XVIII, num Auto de Doação do «Património da capela de Santo Isidoro do Monte Crasto», feito [em 11 de julho de 1757] por Salvador Francisco, jornaleiro e sua mulher Maria da Silva, os quais, entre os demais bens de raiz que [possuíam, faziam doação e declaravam] pertencer a tapada e pertenças à dita capela. (...)

O documento [do Auto de Doação] vem desfazer todas as dúvidas que em diversas épocas se suscitaram a respeito da propriedade do monte; assim, a Câmara Municipal, à face deste documento, reconheceu que tanto o monte como suas pertenças são propriedade da Confraria de Santo Isidoro e não da Câmara Municipal.

[Muito anos antes do Auto, já havia registos do monte], por exemplo, o contrato de venda de um prédio na vila de Gondomar, documento em latim bárbaro do século XI, ano de 1068, o qual referindo-se ao local e confrontações do terreno, diz: «Subtus ipso (monte) castro gondemari territorio...».

Todas as enciclopédias falam deste monte atribuindo-lhe riqueza de minas auríferas. Assim, a Enciclopédia Univ, II. Europeo-Americana, tom. XXVI, Barcelona, diz, falando de Gondomar: «En el monte Crasto, próximo á la villa, existió una fortaleza romana y ségun la leyenda, una mina de oro, encontrandose vestigios de galerias abiertas por romanos y los árabes».

[O monte Crasto foi durante alguns anos do século XIX, local de extracção de saibro e granito, o que provavelmente pode ter feito desaparecer vestígios da referida fortificação.]

A Câmara Municipal, em sessão de 22 de Fevereiro de 1877, deliberou proibir aos montantes a extracção de mais quantidade de pedra e mandar retirar a extraída no prazo de oito dias. Parece que a Câmara, ainda nesse ano [assim como de tempos em tempos], ignorava que não tinha direito à propriedade do monte. À Confraria de Santo Isidoro se devem [devem-se] notáveis melhoramentos: A reparação da torre, com a nova escada de caracol em cimento, a construção da nova capela e da linda gruta que dá um tom pitoresco ao acesso à esplanada e o provimento da água são obras exclusivas da Confraria de Santo Isidoro que não se tem furtado a sacrifícios de toda a espécie para embelezar aquela estância e enriquecê-la de tudo quanto possa tornar cómoda e agradável aos visitantes. 

Não se sabe ao certo quando foi construída a primitiva capela. [Mas, segundo parece, a actual capela é a terceira desde o ínicio.]

in: http://confrariacrasto.no.sapo.pt/